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terça-feira, 17 de setembro, 2024
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Trump e Kamala trocam acusações sobre inflação, aborto, imigração e Putin em 1º debate

Embate pode ser decisivo na reta final da campanha; pesquisas indicam que disputa está acirrada

Donald Trump e Kamala Harris, candidatos à Presidência dos Estados Unidos, se enfrentaram pela primeira vez no Debate da ABC News desta terça-feira (10).

Primeiro tema: a economia

Kamala Harris e Donald Trump se cumprimentaram ao entrarem no palco. Kamala foi até Trump e estendeu a mão, e ele aceitou o cumprimento. Entretanto, na saída do palco, eles não interagiram.

A primeira pergunta foi sobre a economia dos Estados Unidos. A vice-presidente falou sobre a classe média e corte de impostos. A democrata aproveitou para atacar o republicano e suas políticas econômicas.

Em seguida, Kamala destacou que o público ouviria no debate desta noite o mesmo “livro de jogadas antigo” e mentiras. “O que você vai ouvir é um plano detalhado e perigoso chamado Projeto 2025, que o ex-presidente quer implementar se for reeleito”, destacou.

Trump rechaçou qualquer conexão com o Projeto 2025, afirmando que nunca leu o documento e que não vai fazê-lo. Também comentou que ele é um “livro aberto” e que vai cortar taxas e criar uma “grande economia”.

A candidata democrata também comentou que especialistas avaliaram que o plano de Trump para a economia irá “explodir o déficit”, aumentando a inflação e poderia gerar recessão.

“Donald Trump não tem planos para você, porque ele está mais interessado em defender a ele mesmo do que cuidar de você”, pontuou Kamala.

O ex-presidente comentou então que professores disseram que seu plano para a economia é “brilhante”, alegando também que a vice-presidente copiou o plano de Joe Biden. “Ela não tem um plano”, ressaltou.

Ao serem perguntados sobre um possível aumento de preços para os cidadãos dos EUA devido aos impostos, Trump comentou que a China é quem terá preços maiores e que seu governo “não tinha inflação, virtualmente”.

Ele também alegou que a vice-presidente é “marxista”.

Kamala, por sua vez, disse que o governo do republicano vendeu chips para a China para que fossem usados no Exército do país asiático.

Segundo tema: aborto

O aborto é um dos principais temas discutidos na campanha presidencial dos Estados Unidos. Trump é criticado devido à revogação da Roe v. Wade, uma decisão da Suprema Corte dos EUA que garantia o direito ao aborto legal em todo o país.

A decisão foi derrubada em 2022 pela própria Suprema Corte, que possui maioria conservadora, graças às indicações de Trump.

O republicano destacou que “todos” queriam que esse tema fosse discutido pelos estados.

Em resposta, Kamala Harris destacou que não é necessário “abandonar sua fé e o que acredita é para concordar que o governo e Donald Trump não devem para as mulheres o que devem fazer com seus corpos”.

“Quando o Congresso aprovar uma lei para restaurar as proteções da Roe v. Wade, como presidente dos Estados Unidos, eu irei sancioná-la”, comentou a vice-presidente, acrescentando que Trump, se eleito, aprovaria o banimento nacional do aborto — o que foi negado pelo adversário.

Terceiro tema: imigração

Uma das questões que Donald Trump mais critica no governo de Joe Biden e Kamala Harris é a imigração ilegal na fronteira sul dos Estados Unidos.

Kamala citou um projeto de lei que estava sendo debatido no Congresso dos EUA sobre o tema, mas que foi travado pelos republicanos após intermediação do ex-presidente.

A vice ainda convidou o telespectador a assistir a um dos comícios do republicano, alegando que é uma “coisa muito interessante de ver”. “Você vai notar que as pessoas saem de seus comícios cedo por exaustão e por estarem entediados”, adicionou.

Trump afirmou que “as pessoas não vão aos comícios” da adversária e ressaltou que seus eventos de campanha têm grande público.

Ele também alegou que imigrantes em Springfield estão comendo animais de estimação dos moradores.

Quarto tema: petróleo

Kamala Harris foi questionada sobre exploração de petróleo, ressaltando que não banirá a prática no país — uma mudança de posicionamento em relação à eleição anterior.

“Meus valores não mudaram. O que é importante é que há um presidente que traz valores na perspectiva de elevar as pessoas e não abatê-las. (…) A força não está em rebaixar as pessoas, mas elevá-las. Eu quero ser essa presidente”, comentou.

Trump rebateu: “Ela quer confiscar suas armas e nunca vai permitir a exploração de petróleo na Pensilvânia [estado onde o debate é realizado]. Se ela ganhar a eleição, a exploração de petróleo será banida na Pensilvânia”.

Em outro momento, ele chamou Kamala de “Czar da fronteira” — a vice-presidente foi encarregada de políticas sobre imigração durante o governo Biden.

Quinto tema: transição pacífica de poder

Questionado sobre a invasão do Capitólio dos EUA, a sede do Congresso americano, em 6 de janeiro de 2021, Donald Trump disse que não teve “nada a ver com aquilo além de fazer um discurso”.

Apoiadores do republicano atacaram o Capitólio, que realizava uma sessão para certificar a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. O republicano não aceitava a derrota no pleito.

Ele culpou Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos EUA, e a prefeita de Washington, DC, Muriel Bowser, pela falta de segurança durante o ataque.

“Eu não era responsável pela segurança. Nancy Pelosi era responsável. Ela não fez seu trabalho”, alegou.

Kamala Harris, por sua vez, pontou que Trump incitou uma multidão violenta a atacar o Capitólio. “Não temos que voltar para o passado. Não vamos voltar para o passado. Vamos virar a página”, adicionou.

O moderador da ABC perguntou ainda se Donald Trump reconhece que perdeu a eleição de 2020, citando um comentário recente do ex-presidente no qual ele afirmou que ficou um pouco “aquém”.

Entretanto, o empresário ressaltou que fez a afirmação de forma sarcástica. “Olha, há tantas provas. Tudo o que você precisa fazer é olhar, eles deveriam ter enviado de volta para as legislaturas para aprovação”, alegou.

Sexto tema: guerra de Israel

Kamala Harris reforçou que Israel tem o direito de se defender, mas destacou que “palestinos demais” foram mortos, incluindo crianças. “Essa guerra deve acabar. Deve acabar imediatamente. E a maneira com a qual ela vai acabar é que precisamos de um cessar-fogo e precisamos dos reféns soltos”, ponderou.

A vice-presidente também destacou apoio à Solução de Dois Estados, uma proposta na qual há a existência pacífica de um Estado palestino e um Estado israelense.

Ainda assim, a democrata ressaltou que providenciará todo o apoio para que Israel se defenda, principalmente em relação ao Irã.

“Precisamos de uma Solução de Dois Estados na qual podemos reconstruir Gaza, na qual os palestinos tenham segurança, autodeterminação e a dignidade que eles merecem”, concluiu.

Trump, por sua vez, afirmou que, se ele fosse presidente, as guerras de Israel e da Ucrânia não teriam começado.

“Ela odeia Israel. Se ela for presidente, eu acredito que Israel não vai existir em dois anos”, disse Trump, alegando ainda que Kamala odeia a população árabe.

“O Irã estava quebrado sob [o governo Donald Trump]. Agora, o Irã tem bilhões de dólares porque tiraram todas as sanções que eles tinham. Ele não tinha dinheiro para o Hamas, o Hezbollah ou as outras esferas de terror”, adicionou.

Em seguida, Kamala Harris negou que odeie Israel, destacando que a fala de Trump seria uma tentativa de “dividir e distrair” da realidade de que ele é “fraco e errado” em segurança nacional e política externa.

“É bem conhecido que ele admira ditadores, quer ser um ditador no primeiro dia, segundo ele mesmo. É bem conhecido que ele disse a Putin que ele pode fazer o que quiser na Ucrânia. É bem conhecido que ele disse que quando a Rússia invadiu a Ucrânia, isso foi brilhante”, pontuou a vice-presidente.

“É bem conhecido que ele trocou cartas de amor com Kim Jong-un. E é absolutamente bem conhecido que esses ditadores e autocratas estão torcendo para você ser presidente de novo, pois é muito claro que eles podem manipulá-lo bajulação e favores”, comentou Kamala enquanto olhava diretamente para o adversário.

Sétimo tema: guerra da Ucrânia

Quando perguntado diretamente se quer que a Ucrânia vença a guerra contra a Rússia, Donald Trump destacou: “Eu quero que a guerra pare. Quero salvar vidas”.

O empresário afirmou ainda que conhece Vladimir Putin, presidente russo, e Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, “muito bem” e que eles o respeitam.

“Eu vou resolver isso antes mesmo de me tornar presidente. Se eu ganhar, quando for presidente eleito, eu vou conversar com um, conversar com outro, colocá-los juntos… a guerra nunca teria acontecido”, concluiu.

Rebatendo críticas que Trump fez a Joe Biden, Kamala Harris disse: “você não está concorrendo contra Joe Biden, você está concorrendo contra mim”.

Em seguida, ressaltou que a guerra terminaria em 24 horas se o republicano for eleito porque ele “desistiria”.

A vice-presidente também citou reuniões que teve com aliados e com Zelensky. “Por causa do nosso apoio, dos mísseis, artilharia (…) que fornecemos, a Ucrânia é um país livre. Se Donald Trump fosse presidente, Putin estaria sentado em Kiev [capital ucraniana] agora”, alegou.

Em resposta, o republicano afirmou que Putin estaria “sentado em Moscou muito mais feliz do que ele está agora”. Em outro momento, pontuou que Biden é o “pior presidente da história do país”, e Kamala, a pior vice-presidente.

Oitavo tema: Afeganistão

A retirada das tropas dos Estados Unidos do Afeganistão também foi abordada durante o Debate da ABC.

Kamala Harris disse que concorda com a decisão de Biden de retirar os miltiares do país do Oriente Médio. Ela atacou Trump e destacou que o acordo feito durante sua gestão sobre o assunto foi “fraco”.

O republicano, por sua vez, afirmou que o acordo foi defeito pelos Estados Unidos, pois não foi seguido o que era demandado no documento. “Essas pessoas fizeram a pior retirada e, na minha opinião, o momento mais embaraçoso na história do nosso país”, complementou.

“Esse foi o motivo pelo qual a Rússia invadiu a Ucrânia, porque ela viu o quão incompentende ela [Kamala] e seu chefe são”, concluiu.

Nono tema: identidade racial

Trump foi questionado por uma fala polêmica, na qual disse que Kamala “se tornou negra”. Ele pontuou que “não liga para o que ela seja” e fez o comentário baseado em coisas que leu.

Kamala classificou como “tragédia” que o empresário seja candidato à Presidência, pois ele “tentou usar [a questão sobre] raça para dividir o povo americano”.

Em seguida, o republicano comentou que a gestão Biden-Kamala é a mais “divisiva” da história do país e voltou o foco da resposta para a economia.

Décimo tema: assistência médica

Donald Trump começou esta parte do Debate da ABC criticando o Obama Care, um programa criado durante o governo de Barack Obama.

Questionado se ele tem planos para substituir o programa, o republicano comentou que possui “esboços de um plano”, mas que não é presidente agora.

O candidato prometeu substituir o Affordable Care Act, conhecido coloquialmente como Obamacare, em uma série de publicações na Truth Social.

Uma tentativa apoiada por Trump para que o Obamacare fosse revogado fracassou em 2017, depois que três senadores republicanos se juntaram aos democratas para votar contra o projeto de lei.

Kamala falou quer se recorda de quando era senadora sobre votações do tema. “Acesso à assistência médica deveria ser um direito, não um privilégio daqueles que conseguem pagar por isso”, concluiu.

Décimo primeiro tema: crise climática

Sobre a crise climática, Kamala Harris citou investimentos em “energia verde” do atual governo dos Estados Unidos e destacou que a crise climática é “real”.

Donald Trump, por sua vez, falou que “o que esse pessoal deu à China é inacreditável”, após a democrata ter falado sobre empregos e a indústira nacional, não abordando o tema das mudanças climátiacas diretamente.

Kamala fala de “visões diferentes” nas considerações finais

A vice-presidente dos Estados Unidos destacou durante as considerações finais que foram expostas no debate duas visões diferentes para o país, sendo uma focada no futuro e outra no passado.

Ela afirmou que “não vamos voltar ao passado e que há “muito mais em comum do que aquilo que nos separa — e podemos traçar um novo caminho a seguir”.

Em uma fala semehante a outros discursos de campanha, Kamala observou que pretende garantir que os EUA tenham a força de combate mais letal do mundo.

“Serei uma presidente que protegerá nossos direitos e liberdades fundamentais, incluindo o direito das mulheres de tomarem a decisão sobre seus próprios corpos, e não o governo dizer o que elas devem fazer”, ponderou.

Por fim, citando também que foi procuradora, falou que o único cliente que tem é o “povo”, adicionando que quer ser presidente para todos os americanos.

Trump ataca Kamala nas considerações finais

O ex-presidente dos Estados Unidos questionou a fala de Kamala Harris, pontuando que a democrata “disse que faria isso, aquilo… por que ela não fez?”.

Ele alegou ainda que os EUA são uma nação que está falhando e em declínio. Além disso, afirmou que as guerras atuais podem gerar a terceira guerra mundial.

Trump encerrou sua fala chamando o presidente Joe Biden e Kamala Harris de “o pior presidente e a pior vice-presidente da história do nosso país”.

Regras do Debate da ABC

Trump estava no lado esquerdo do palco, enquanto Kamala estava no direito. O republicano fez considerações finais por último. O microfone ficou ligado apenas quando o candidato estava falando. Além disso, eles não puderam levar rascunhos — as “colas” — ao estúdio.

As equipes das campanhas não puderam entrar em contato com os candidatos durante os intervalos comerciais. Não havia plateia no estúdio.

Primeira vez em que Trump e Kamala se encontram

O debate desta terça-feira (10) marca a primeira vez que Donald Trump e Kamala Harris se encontram pessoalmente. As últimas pesquisas mostram uma disputa acirrada entre os candidatos.

Este é o sétimo debate presidencial de Trump — três contra Hillary Clinton e três contra Joe Biden.

O confronto acontece na Pensilvânia, um estado que pode decidir a eleição dos Estados Unidos.

Kamala assumiu a candidatura democrata após Joe Biden ter desistido de concorrer à reeleição. O desempenho do presidente americano no Debate levantou dúvidas sobre sua idade e aptidão para um novo mandato — o que gerou críticas até de apoiadores.

Já Trump tenta voltar à Casa Branca após ter sido derrotado por Biden em 2020.

A eleição presidencial nos Estados Unidos acontecerá no dia 5 de novembro.

Fonte: CNN

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