Após um ano de intenso trabalho, o projeto Ubu Trans Erê, idealizado pelo grupo Ubu, concluiu sua primeira temporada com sucesso, promovendo teatro e cultura popular em comunidades periféricas de Campo Grande. A iniciativa passou por aldeias urbanas, quilombos e escolas localizadas em regiões de vulnerabilidade social, democratizando o acesso às artes cênicas e rompendo barreiras históricas.
Teatro que transforma realidades
“O impacto foi extraordinário”, afirma Anderson Bosh, um dos idealizadores do projeto. Segundo ele, para muitas comunidades, essa foi a primeira experiência com teatro profissional. “Rompemos o silêncio e a escassez cultural. Estivemos em locais onde o teatro nunca havia chegado antes, e isso impactou não só o território, mas também o imaginário e a utopia dessas pessoas. É algo que nunca será apagado”.
Um dos momentos mais marcantes citados por Anderson é a história de Stephanie, uma jovem indígena que teve seu primeiro contato com o teatro em uma escola. Semanas depois, ela surpreendeu a equipe ao ser a primeira a chegar para uma apresentação em sua aldeia. “Ela estava produzida, com o cabelo penteado, colares e uma roupa nova, pronta para nos assistir novamente. Esses pequenos momentos, com pequenas pessoas, são o que mais me toca”, relata emocionado.
Desafios superados na jornada
Apesar dos resultados positivos, o projeto enfrentou desafios significativos. A logística foi uma das principais dificuldades, com a necessidade de transportar elenco, técnicos e materiais cênicos para locais de difícil acesso. Além disso, a comunicação foi prejudicada pela falta de infraestrutura digital em algumas regiões. “As aldeias e os quilombos, mesmo os urbanos, estão afastados digitalmente. Muitas vezes a internet não funciona, o que complica a organização”, explica Anderson.
Influências e aprendizado
O projeto Ubu Trans Erê é resultado de experiências anteriores do grupo, como o Ubu Trans, voltado para escolas noturnas da periferia, e o Ubu Erê, focado na valorização do folclore e da cultura popular entre crianças. “Esses projetos revelaram uma lacuna imensa de acesso à arte e à cultura nas extremidades da cidade. O Ubu Trans Erê nasceu dessa percepção e consolidou tudo o que aprendemos até aqui”, afirma Anderson.
Continuidade garantida para 2025
Diante dos resultados expressivos, o projeto terá continuidade em 2025, graças a um contrato firmado com a FUNARTE. A próxima etapa pretende atingir mais aldeias e quilombos urbanos de Campo Grande, ampliando o impacto cultural do teatro nessas regiões. “Embora ainda não tenhamos alcançado todas as comunidades, já temos planos de expansão para o estado em 2026, o que nos deixa extremamente motivados”, conclui Anderson.
O Ubu Trans Erê segue como uma importante iniciativa de inclusão cultural, levando arte, esperança e novas possibilidades para comunidades historicamente excluídas do circuito teatral.