Próxima vez que isso ocorrerá vai ser somente em 19 de maio de 2161
Nos últimos dias, os céus têm oferecido um espetáculo astronômico digno de admiração, com sete planetas visíveis ao mesmo tempo. O Observatório Nacional descreve este fenômeno como um verdadeiro “desfile de planetas”, que inclui Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e, nesta sexta-feira (28), Mercúrio. Embora não seja raro, a visibilidade simultânea de tantos planetas no céu oferece uma excelente oportunidade para os observadores se encantarem com a vastidão do cosmos.
Três desses planetas – Marte, Vênus e Júpiter – podem ser vistos a olho nu, enquanto os outros, mais distantes, são mais difíceis de observar. Apesar disso, o fenômeno é um convite irresistível para olhar para o céu e apreciar a beleza do universo.
Ricardo Ogando, astrofísico do Observatório Nacional, explica que o melhor modo de observar este fenômeno é com os olhos, sem a necessidade de equipamentos sofisticados. “Como é um fenômeno que está distribuído em uma área muito grande do céu, não é um fenômeno para você olhar com o telescópio. É um fenômeno para você olhar com os olhos, deitar em um lugar seguro, com a visão livre do Oeste, do poente, e apreciar essa grande beleza”, orienta Ogando.
A visão de Vênus, Júpiter e Marte será facilitada, com esses planetas aparecendo em uma linha que aponta para o ponto onde o Sol se põe. Mercúrio, embora também faça parte desse alinhamento, estará muito perto do Sol e será difícil de ser observado. Já Urano e Netuno, devido à distância da Terra e à fraca luz refletida por eles, não são visíveis a olho nu.
“Quando o céu começa a escurecer, você verá Vênus, depois Júpiter, e mais acima, Marte. Além disso, a Lua estará presente nesse momento, oferecendo um contraste interessante”, descreve Ogando, destacando a beleza desse alinhamento planetário.
Para facilitar a localização dos planetas, o astrofísico sugere o uso de aplicativos móveis gratuitos que mapeiam o céu, tornando a observação mais acessível.
Os Planetas e Suas Características Visuais
Diferente das estrelas, os planetas não cintilam. Thiago Gonçalves, astrônomo e diretor do Observatório do Valongo (UFRJ), explica que, devido à proximidade com a Terra, os planetas não apresentam a cintilação característica das estrelas. “A cintilação ocorre devido a um efeito atmosférico. A luz das estrelas atravessa a atmosfera e faz com que elas pareçam piscar. Já os planetas, por estarem mais próximos de nós, não passam por esse efeito.”
Conjunção e Não Alinhamento
Embora muitas vezes o fenômeno seja chamado de “alinhamento”, o termo mais adequado é “conjunção”, um evento em que os planetas aparecem próximos no céu, mas, na prática, não formam uma linha reta, e sim um arco. Gonçalves explica que, em um momento específico, seria possível observar todos os planetas, embora as condições ideais para essa visualização sejam raras.
O fenômeno não é raro, e o Observatório Nacional lembra que, em agosto deste ano, entre os dias 12 e 20, teremos outro evento semelhante, com a visibilidade de Mercúrio, Vênus, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno ao mesmo tempo. O destaque será o dia 12 de agosto, quando Vênus e Júpiter estarão em conjunção, sendo visíveis como dois dos planetas mais brilhantes do céu.
Mitos e Desinformação
Infelizmente, o fenômeno também gerou muita desinformação. Ogando alerta para falsas notícias que sugerem que esse “alinhamento” seja um evento extremamente raro ou que trará desastres naturais devido à gravidade dos planetas. “Esses mitos criam uma expectativa que, muitas vezes, leva à decepção. O fenômeno é comum e não há qualquer risco para a Terra”, afirma.
O astrofísico explica que, embora Júpiter seja um planeta massivo, sua distância da Terra é tão grande que a influência gravitacional é praticamente inexistente. “A força gravitacional dos planetas é ínfima e, por mais que Júpiter tenha uma massa muito maior que a da Terra, ele está muito distante”, explica Ogando, desmistificando esses mitos.
O Sistema Solar em Perspectiva
Este fenômeno ocorre dentro do contexto do nosso Sistema Solar, composto pelo Sol e seus planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Os planetas internos, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, são formados principalmente por rochas, enquanto Júpiter, Saturno, Urano e Netuno são gigantes gasosos. A Terra leva 365 dias para orbitar o Sol, enquanto Netuno, o planeta mais distante, demora 165 anos para completar uma volta.
Este é um momento perfeito para olhar para o céu e refletir sobre a grandeza do universo, além de uma excelente oportunidade para aumentar a divulgação da ciência e inspirar o interesse pela astronomia.